terça-feira, 5 de agosto de 2008

PIRÂMIDES


A vida é composta delas. Como explicar? Verdade irrefutável. As pirâmides estão por toda parte, por todo canto obscuro da análise sociológica. Como explicar? Verdade indescritível. A vida é um todo de cima para baixo, ou como os mais ousados, de baixo para cima. Já bem dizia o filósofo alemão Karl Marx que a revolução começa de baixo (das camadas inferiores da sociedade, com a ditadura do proletariado). Mas bem vos digo, lorota. Se a vida é uma pirâmide, então ela começa do ápice, e vai-se alargando nas extremidades. Como explicar? Verdade irrenegável. Um exemplo básico serve como apoio a ordem ápice-extremidades da pirâmide: educação. Fala-se muito de um povo sem educação que de tão medíocre mostra índices espantosos de analfabetismo funcional. Culpa do povo que não estuda? Novamente vem a idéia da pirâmide social... Quem está no ápice? Claro, no caso educacional existe, com a analogia da palavra, a faca de dois gumes. Se o povo "mal-educado" não possui o interesse, não há que se falar em um governo participativo. Mas... E a pirâmide? Pois vos digo que não é o governo que está no ápice, sim, ela, a educação. Somos o país que mais arrecada impostos no mundo, e somos primeiro mundo? Talvez pensem que assim volto ao mesmo ciclo do governo no comando. Mas o importante é o ápice da pirâmide: educação. Não há que se falar em saneamento, saúde, moradia, segurança e todas as propostas infames da política sem se falar no primórdio, no princípio, no ápice da pirâmide: educação. Sem educação (não só aquela que "alfabetiza") não há bem estar social. Um exemplo estranhamente banal é a Finlândia que possui as melhores escolas do mundo. E a saúde finlandesa? Vai muito bem obrigado. No caso do investimento não há a faca de dois gumes: é educação o ápice para as outras saídas. Mas como falar em educação no ápice se não é enfocada sua importância? Aí é que entra o ápice governamental. Se desde pequenos formos ensinados e educados, não destruiremos a escola e seremos mestres em pesquisa acadêmica. Mas a educação de cima para baixo funciona como nas famílias: o pátrio poder, o poder dos pais é mais forte e influente. Então, não é o governo nosso patriarca, mas sim a Pátria que tanto amamos. Não há que se incitar a juventude ou escrever blogs para uma minoria intelectual e politizada se o exemplo e a educação para isso não estiverem no ápice. Não se mudam hábitos com revoltas insolentes de poucos ou vozes que entoam gritos surdos na multidão. Também não pode criticar a multidão massificada, pobre coitada! É um marionete nas mãos da distração que atualmente se torna o ápice da destruição em nossa pirâmide. Com educação formamos opinião e aprendemos os meios pacíficos de se conseguir o importante. Com educação criamos arte, pesquisa, política de qualidade, saúde para todos. Para os que ainda não acreditam, ficam minhas condolências. Mas não se pode negar a pirâmide que vem de cima para baixo, com a educação que vai-se alargando em seus extremos até encontrar a acessibilidade e o jargão "Brasil, um país de todos!". É com educação que aprendemos a ser mais éticos e humanos: não há virtude só com instinto. O ápice racional é um privilégio da casta humana, senão, por que possuirmos aquilo que chamamos de massa encefálica? Podíamos ser animais como ou outros guiados pelo instinto de sobrevivência. Se fossemos todos racionalizados pelas mãos graciosas da educação faríamos jus aos impostos a primeira vista "abusivos"... É o governo que não investe? Somos nós que não reivindicamos nossos direitos? Nem um, nem outro. Somos pobres coitados, que elegemos com ignorância, seres igualmente ignorantes, e por não sabermos o que contém na carta magna é que pensamos ser mais fácil remediar do que prevenir o mal comum. Todo poder emana do povo, já diz o tão abarrotado e encardido parágrafo único do Art. 1º da Constituição. Então, vamos assim, elegendo o povo... Ah! Se o próprio povo eleito ou eleitor soubesse de seu poder... Ah! Se soubesse que sobre a própria Constituição de 1988 existe o ápice da pirâmide: educação. Ah! Velha e saudosa, por que não até utópica, pirâmide educacional! O exemplo vem de cima, mas o poder emana do povo. Como sanar esta antítese jurídica e sociológica? Por isso existe a pirâmide, cujas bases pouco sólidas dão sustentação a um ápice frágil e insolente. Viremos a pirâmide e coloquemos os valores ético-educacionais no ápice, e que este mesmo sirva de base ao verdadeiro poder soberano: o poder consentido. Eu dou consenso, pois, e transfiro o meu poder de povo à educação...